Nordeste é onde menos se constrói com auxílio de profissionais especializados
16 de outubro de 2015 |
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Levantamento inédito realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e pelo Instituto Datafolha mostra que a maioria das reformas ou construções particulares no Brasil é feita sem a assistência de um profissional especializado, em desrespeito às leis e normas vigentes no país. Realizada com 2.419 pessoas em todo o Brasil, a pesquisa foi dividida em uma etapa quantitativa, feita em 177 municípios das cinco regiões brasileiras, e outra qualitativa, em seis capitais do país, incluindo o Recife.
Os números revelam que 54% da população economicamente ativa já construiu ou reformou imóvel residencial ou comercial. Desse grupo, 85,40% fizeram o serviço por conta própria ou com pedreiros e mestres de obras, amigos e parentes. Apenas 14,60% contratou arquitetos ou engenheiros. Segmentados por região, os dados revelam situação ainda mais grave no Nordeste, onde apenas 7,12% das obras tiveram o acompanhamento de profissionais tecnicamente qualificados – 92,90% usaram somente mestres de obras ou pedreiros.
A falta de um profissional especializado na realização de reformas ou construções particulares pode ocasionar diversos problemas na obra e para a segurança das pessoas. Além disso, a soma de construções malfeitas tem como consequência a piora dos espaços urbanos e da qualidade de vida nas cidades. “Como podemos exigir do poder público uma cidade de qualidade, se na nossa própria casa, na nossa minicidade, nós não planejamos? O dado revela que não nos preocupamos com o fato de que a nossa parte vai repercutir nesse todo chamado cidade”, comenta o presidente do CAU/PE, Roberto Montezuma.
Nessas entrevistas, a maioria das pessoas que utilizou apenas serviços de mestres de obras ou pedreiros mostrou-se arrependida. Falta de planejamento, custos acima do orçamento original, descumprimento de prazos, desperdício de materiais e necessidade de refações de serviços foram as principais razões apontadas. Por outro lado, entre aqueles que contrataram arquitetos e urbanistas para auxiliar na obra, há um índice altíssimo de satisfação: 78%.
O levantamento do Datafolha indicou que a principal barreira para a contratação de serviços de arquitetos é o senso comum de que se trata de um trabalho caro. Ao serem informados de que o custo é de cerca de 10% do valor total da obra, a maioria julgou ser uma boa relação custo-benefício. “Em qualquer trabalho a ser empreendido, o planejamento é uma etapa fundamental. No caso específico das obras, um projeto bem elaborado pode significar segurança e economia, determinando a quantidade certa de materiais, a qualidade desses materiais e evitando o retrabalho”, afirma Montezuma.