Jardins de Burle Marx são inscritos nos livros do tombo do patrimônio nacional
3 de julho de 2017 |
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Seis jardins públicos projetadas pelo paisagista Roberto Burle Marx no Recife foram inscritos nos Livros do Tombo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no último dia 13 de junho. Composto pela Praça de Casa Forte, a do Derby, a Euclides da Cunha, a Salgado Filho, a Faria Neves e a da República com o Campo das Princesas, o conjunto tem sido defendido por especialistas como candidato ao título de patrimônio mundial.
“Ao integrarem o livro de tombos as obras estão definitivamente classificadas como patrimônio nacional”, esclarece o arquiteto e urbanista do Iphan Marcelo Freitas, explicando que as praças foram inscritas em três livros: arqueológico, etnográfico e paisagístico; histórico; e de belas artes. No âmbito municipal, em 2016, um decreto da Prefeitura da Cidade do Recife classificou como jardins históricos 15 obras de Burle Marx, considerado um dos maiores paisagistas do século XX no mundo.
Professora do Laboratório da Paisagem da UFPE, a paisagista Ana Rita Sá Carneiro acredita que a novidade vai reforçar o compromisso do Iphan e da Prefeitura da Cidade do Recife com a conservação das praças. “Hoje o estado de conservação desses espaços é precário e essa questão é seríssima, pois o jardim é um espaço dinâmico, que exige um trabalho permanente e minucioso de manutenção, com atenção ao ciclo de vida e de substituição das espécies”, afirma a especialista.
Nesse sentido, Ana Rita explica que o próximo passo é a preparação de planos de gestão para cada jardim por parte de uma equipe multidisciplinar composta por órgãos como o Iphan, a Emlurb, o Laboratório da Paisagem, sementeiras, etc. “Este é um pré-requisito não só para a conservação, mas para o reconhecimento da Unesco”, alerta a paisagista, destacando a importância do jardineiro nesse processo. “Sem jardineiro, não tem jardim. Ele é a base da pirâmide da gestão das praças”, pontuou.
DEFESA DO LEGADO
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE) tem atuado em defesa do legado de Burle Marx no Recife e na valorização da arquitetura paisagística do Estado. Além de integrar o Comitê Burle Marx, criado pela Prefeitura do Recife, o Conselho produziu publicação intitulada “Cidade-paisagem”, segundo volume da série Caderno de Arquitetura e Urbanismo. A instituição também foi uma das realizadoras do II Seminário Internacional Paisagem e Jardim como Patrimônio Cultural México/Brasil, em março de 2017, e articula para a próxima edição do evento a outorga do Prêmio Burle Marx de Paisagismo.