CAU/PE aprova desistência do Governo de construir viadutos na Agamenon
4 de abril de 2013 |
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A decisão do Governo de Pernambuco de desistir, neste momento, da construção dos viadutos projetados para a Av. Agamenon Magalhães e dar prioridade às vias destinadas ao transporte público nas intervenções do Corretor Norte-Sul Trecho Tacaruna /Joana Bezerra, anunciada em reunião, nesta manhã (4), atende às recomendações de um grupo de entidades civis, entre elas o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE), que se manifestaram, por meio de pareceres técnicos, contrários à intervenção dos elevados. Neste mesmo sentido, também se manifestaram o Crea/PE, IAB-PE e professores da UFPE e Unicap.
Segundo o presidente do CAU/PE, Roberto Montezuma, a medida do Governo demonstra apreço à democracia e sinaliza para “atender ao grande desafio do século que é a transformação das cidades com base em novos paradigmas de inclusão, civilidade, urbanidade, sustentabilidade e qualidade de vida”. A pedido do Governo do Estado, em junho do ano passada a entidade elaborou parecer em que condena os viadutos e defende “um urbanismo transformador e o pedestre como unidade básica de referência para as decisões”.
No documento, intitulado “Por um projeto de cidade: os viadutos, a Agamenon Magalhães e o Recife”, o CAU/PE defende que “todo projeto de mobilidade deve ser fundamentado no transporte público de qualidade, com a efetiva restrição ao uso do automóvel particular”. Segundo Montezuma, qualquer intervenção com vistas a desafogar o trânsito urbano “deve nascer de um Pacto pela Mobilidade, promovido a partir de um fórum permanente que reúna gestores públicos, sociedade civil e instituições técnicas e acadêmicas, em um espaço de participação com diálogo e compromisso”.
Ao defender investimentos na qualificação e implantação de vias prioritárias ao tráfego de transportes públicos, cuja primeira ordem de serviço para as obras foi assinada após o encontro desta manhã, o governador Eduardo Campos afirmou que “os viadutos são acessórios”. Já o secretário estadual das Cidades, Danilo Cabral, esclareceu que após o final de todas as obras previstas no Programa Estadual de Mobilidade (Promob) a questão dos viadutos poderá voltar a ser discutida, “por toda a sociedade”.
RECIFE 500 ANOS – Na reunião, a palavra de ordem dos presentes – secretários de Estado e municipais, além do prefeito do Recife, Geraldo Júlio – foi o “planejamento urbano, integrado e de longo prazo”, preceito difundido pelo CAU/PE no documento entregue ao gestor da capital, em setembro de 2012, ainda na campanha eleitoral.
Na proposta, o Conselho prega que a prefeitura municipal elabore um projeto com ações integradas a serem implantadas até 2037, quando o Recife completará 500 anos. “É muito satisfatório ver que nossas ideias estão semeando um debate com ênfase nas questões fundamentais do urbanismo, em que todos saem ganhando”, afirma Roberto Montezuma. Com esse mesmo propósito, o governador Eduardo Campos também citou a determinação da gestão estadual de criar um plano urbanístico para o Estado com vistas às intervenções até o ano 2035.
Ainda sobre o projeto dos viadutos, Roberto Montezuma frisa que mesmo reconhecendo o mérito da decisão de recuar, inicialmente, da ideia dos elevados, o conselho mantém sua preocupação quanto às demais intervenções previstas para o trecho da Av. Agamenon Magalhães. “Vamos nos manter atentos à necessidade de integração das intervenções com o contexto urbano”, ressalta.