Boas práticas urbanas inspiram gestores públicos, profissionais e cidadãos
27 de julho de 2017 |
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Ações e projetos inspiradores fecharam a primeira edição do Fórum Internacional HOJE Implementando Cidades Sustentáveis com uma mensagem positiva para as milhares de pessoas que passaram pelo Centro de Convenções entre os dias 25 e 27 de julho. Selecionadas por meio de chamada pública de boas práticas urbanas, quatro iniciativas de Pernambuco, Amazonas e São Paulo apresentaram como, de diferentes maneiras e em distintas regiões do país, a transformação urbana já está acontecendo.
Além das melhores práticas apresentadas durante o evento, outros seis projetos foram premiados como menções honrosas em seleção realizada pela Comissão de Diretrizes Estratégicas do Conselho, pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e pela coordenação do evento. Os trabalhos ficaram expostos no estande do CAU/PE durante os três dias. “Ficamos superfelizes por termos sido selecionados. Fiz questão de vir para aprender com tantos debates e projetos”, contou Clarissa Stefania, do projeto Centro Sapiens (MG), presente à mesa, junto a Rebecca Dantas, do também premiado com menção honrosa Ôxe, Minha Cidade é Massa.
Conheça as melhores práticas
Movimento Olhe pelo Recife – Cidadania a pé (PE)
O movimento tem o propósito de chamar atenção sobre a importância da mobilidade a pé para a qualidade de vida urbana, propor soluções para seu aperfeiçoamento, mobilizar a opinião pública e realizar parcerias (com poder público, empresas e organizações da sociedade civil) que facilitem a execução de ações capazes de contribuir para a caminhabilidade no Recife. “O caminhar tem um ritmo diferente, aproxima as pessoas da cidade, passamos a enxergar coisas que não vemos quando usamos o veículo motorizado como meio de transporte”, defendeu Lígia Lima, representante da iniciativa.
O Olhe pelo Recife surgiu das caminhadas culturais promovidas pelo Observatório do Recife com o objetivo de identificar os problemas relacionados à mobilidade a pé e também de conhecer e observar o que a nossa cidade tem de bom, bonito, original, histórico. “Visitávamos, por exemplo, o Baobá que estava emparedado às margens do rio Capibaribe para lembrar como havia espaços mal aproveitados”, relatou ela, lembrando que atualmente o local foi requalificado e deu lugar ao Jardim do Baobá.
A iniciativa produziu a cartilha dos dez mandamentos do pedestre, sendo distribuída a mais de 10 mil recifenses, e articulou reuniões com a Prefeitura do Recife, conseguindo a indicação de um representante do executivo municipal para questões relativas à mobilidade a pé e o início de uma força tarefa contra estacionamento proibido em calçadas. Atualmente, estuda, com a prefeitura, a realização de um fórum municipal de mobilidade a pé e convoca toda a sociedade a participar das ações. “Somos essencialmente pedestres”, sintetizou.
A Cidade Precisa de Você (SP)
Apresentado pela arquiteta e urbanista Úrsula Troncoso, o Instituto A Cidade Precisa de Você, sem fins lucrativos, é um coletivo de pessoas interessadas em promover a melhora e a ativação dos espaços públicos urbanos. O grupo desenvolve ações que estimulem maior participação da sociedade civil na vida pública urbana, entendendo a cidade como espaço de convívio e priorizando o pedestre.
“A gente entende que a cidade é uma extensão do direito fundamental à educação. Os espaços ensinam diretamente, sem intermediários”, afirmou Úrsula, apresentando exemplos de ações e intervenções do grupo em espaços como o Largo do Batata, no centro de São Paulo. “A prefeitura acabou dando uma folha em branco para os cidadãos se expressarem”, comentou, se referindo à grande praça pouco aproveitada em que o lugar se transformou.
Num esforço de articulação de vários atores urbanos para melhorar os espaços públicos, o Instituto discute a cidade com rodas de conversa, palestras, seminários, publicações, workshops e mostras; articula, realiza e fomenta atividades de natureza social, educacional e cultural em espaços públicos; e desenvolve e executa projetos relacionados ao mobiliário urbano com um laboratório de pesquisa e execução.
Makeathon Fab Lab (PE)
Maratona colaborativa de desenvolvimento e prototipagem de artefatos urbanos inteligentes, o projeto tem o propósito de utilizar ciência, tecnologia e inovação para a melhoria da qualidade de vida dos espaços de uso público e coletivo das cidades. “Somos o braço tecnológico desse novo movimento de pensar e fazer cidade”, explicou Cristiana Lacerda durante a apresentação no Centro de Convenções.
Realizado em janeiro deste ano, no Recife, a Makeathon Fab City mobilizou cidadãos das mais diversas áreas para co-criar e prototipar objetos físico-digitais que ajudassem na resolução de problemas urbanos, em 48 horas ininterruptas de trabalho. “Todas as grandes empresas hoje são de tecnologia da informação. A economia mudou e a sociedade também”, alertou, chamando atenção para a importância de se apresentar soluções tecnológicas para resolver os problemas da cidade. “Há muitas maratonas hackers com a temática urbana acontecendo no mundo, coma ideia do ‘faça a sua cidade’”, resumiu.
Nessa premissa, o projeto vencedor da maratona foi uma lixeira sensitiva e inteligente destinada às estações de metrô, ativada por um sistema que identifica o usuário através da aproximação do bilhete eletrônico e um sensor que reconhece quando o lixo é jogado, gerando créditos no sistema VEM como incentivo ao descarte correto do pequeno lixo seco.
Plano Diretor de Reabilitação do Centro de Manaus – 2015/2016 (AM)
Com o objetivo de articular projetos e iniciativas já existentes na região central da capital do Amazonas, o Plano Diretor de Reabilitação foi apresentado pela arquiteta e urbanista Rebeca Vieira de Melo, que destacou o rápido processo de urbanização pelo qual vem passando a cidade. “Nos últimos 15 anos a mancha urbana de Manaus praticamente dobrou, avançando na floresta. Nesse processo, o centro vinha perdendo qualidade espacial para outras áreas da cidade. Nós queríamos reverter isso”, afirmou.
Por ser heterogênea, a área demandou operações urbanas distintas, estabelecidas após um diagnóstico temático detalhado. Entre os pontos levantados pelo plano, está uma abordagem territorial – que propõe 3 escalas de intervenção (municipal, centro e setores) -, um plano econômico-financeiro e a preocupação com o meio ambiente. “Através do componente ambiental, a gente conseguiu não só a requalificação do centro, mas abrir o centro para as pessoas”, resumiu.
Tendo como coordenador-geral Daniel Rúbio e coordenadora local Margareth Uemura, o plano contou com uma equipe multidisciplinar composta por arquitetos e urbanistas (María Álvarez, Danielle C Klintowitz, Heloisa Barbeiro, Mayara Oliveira, Rafaella Basile, Rebeca Vieira de Mello, Leonardo Normando, Carolina Valenzuela); especialista em PPP (Simone Gatti); especialista em infraestrutura e saneamento (Pablo Caffarena); especialista em mobilidade (Francesc Arechavala); especialista em Socioeconomia (Odilon Guedes); especialista em legislação urbanística (Raphael Bischof); especialista em Georreferenciamento (Urko Elosgi) e gestão ambiental (Mariana Corá).
Menções honrosas
Bairro Escola Bom Retiro (SP)
Arquitetura na Periferia (MG)
Acessibilidade e sustentabilidade nos trilhos do Parque Nacional em Fernando de Noronha (PE)
Centro Sapiens (SC)
Oxe, minha cidade é massa! (PE)
Plano de regularização fundiária de assentamento habitacional na Área de domínio da União no Parque Histórico Nacional dos Guararapes (PE)