Rede defende pesquisa voltada à ação pelo desenvolvimento urbano sustentável
28 de agosto de 2017 |
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Quebrar os muros das universidades, aproximando o conhecimento acadêmico dos gestores públicos e, sobretudo, dos cidadãos. Essa é a missão da rede de pesquisadores em desenvolvimento sustentável concretizada no Seminário REDEUS_LAC, no dia 24 de agosto de 2017, no Centro Cultural dos Correios, no Recife. Durante mesa-redonda de encerramento intitulada “Perspectivas e desafios para promover cidades sustentáveis na América Latina e Caribe”, pesquisadores de Brasil, México, Argentina, Colômbia e Chile defenderam a necessidade de estimular a pesquisa voltada à ação, a uma efetiva transformação urbana.
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Para a coordenadora da Redeus_LAC, Margarita Greene, a rede de pesquisadores, que surgiu motivada pela Habitat III, agora avança para se constituir enquanto espaço de integração de conhecimento, articulação de pensamentos. “Traçando um recorte, nossa ideia é focar no projeto urbano, pois ele é necessariamente multidisciplinar e envolve tanto pesquisadores como governos e população”, explica, adiantando que o próximo passo do grupo será a viabilização de uma plataforma de compartilhamento de boas práticas na área.
O presidente do CAU/PE, Roberto Montezuma, apontou o surgimento de um sistema complementar de redes voltadas ao desenvolvimento das cidades. Além da REDEUS_LAC, é preciso estimular redes municipais, estaduais e nacionais que possam disseminar os princípios da Nova Agenda Urbana. “Aqui temos o exemplo da Rede Brasil Urbano e da Rede Recife 500 anos, que articulam iniciativas estratégicas na área”, afirmou, enfatizando o papel articulador dos arquitetos e urbanistas, que possuem um olhar sistêmico por formação.
Além da mesa-redonda de fechamento, o segundo e último dia do Seminário REDEUS_LAC fez conexões entre planejamento, economia e ecologia enquanto bases do desenvolvimento urbano sustentável. Históricos, panoramas e perspectivas foram levantados pelos pesquisadores distribuídos nos painéis “Desenvolvimento espacial e economia urbana: mercado, oportunidades de trabalho e economia criativa” e “Ecologia urbana como produção sustentável do habitat”.
A economista da UFPE Tatiane de Menezes defendeu a importância do planejamento voltado às pessoas e à tecnologia. “As empresas precisam de pessoas criativas, mas onde é que as pessoas criativas desejam estar? Em um lugar que lhes ofereça mobilidade, oportunidade, bem-estar, que tenha qualidade urbana”, pontuou. Já a chilena Ana Maria Faggi lembrou a necessidade de se encarar a cidade como um ecossistema. “Temos que saber o que colocar e onde colocar”, resumiu.
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DESTAQUES
“Quando se trata de planejamento urbano, é preciso identificar setores-chave, que podem ser potencializados, para investir neles. Além disso, é preciso investir nos jovens: eles têm que saber que podem criar coisas novas.”
– Amado Villarreal (Escuela de Gobierno y Transformación Pública del Tecnológico de Moterrey, México)
“É preciso abandonar essa fixação na indústria e nos voltarmos para as pessoas e para a tecnologia. As cidades que admiramos se desenvolveram criando um ambiente que atraísse as pessoas, possibilitando que elas se desenvolvessem.”
– Tatiane de Menezes (PPGGES/UFPE, Brasil)
“O urbanismo ecológico lida com intercâmbio de energia e gerenciamento de impacto entre as pessoas e o meio ambiente. Com o tema do aquecimento global, virou moda colocar verde em tudo, mas não é assim, tem que saber o que colocar e onde colocar.”
– Ana Maria Faggi (Universidad de Flores, Argentina)
“É preciso atentar para a dimensão filosófica da ecologia urbana.”
– Antônio Jucá
“Já somos resilientes, pelo menos aqui no Brasil. Basta olhar os morros e as palafitas, o que presiamos é de resistência, por isso defendo uma ecologia política.”
– Maria Ângela