Exposição sobre Cerdà deixa legado de contribuições para o Recife
5 de fevereiro de 2014 |
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Com uma expressiva visitação de quase sete mil pessoas, a exposição Cerdà e a Barcelona do Futuro, promovida pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), encerrou-se na última sexta-feira (31), mas deixou um legado de contribuições para o amadurecimento do debate sobre o futuro da cidade do Recife. Como resultado das palestras promovidas em paralelo à mostra, sob a coordenação da curadora, Amélia Reynaldo, foram apresentados na quinta-feira (30), na solenidade de encerramento, um rol de diretrizes urbanísticas relacionadas aos temas debatidos.
Com os temas Recife pensa Recife, o Ensino do Urbanismo nas IES da RMR, Intervenções urbanas no Recife: o olhar da sociedade civil, e Urbanização em áreas de baixa renda, os debates culminaram com proposições como “criar opções e cenários propositivos sobre a cidade e evitar a dissertação sobre as desgraças urbanas”, “Esboçar/propor o contra projeto estratégico ao projeto estratégico das corporações”; “Interpretar a realidade das cidades e do território na sala de aula”; “Urbanização em áreas de baixa renda” e “Reunião mensal da prefeitura para apresentação de todos os projetos para a cidade”.
No evento de culminância da mostra, realizado no pátio do Museu da Cidade do Recife, o presidente do CAU/PE, Roberto Montezuma, destacou que a realização da exposição reflete a responsabilidade que o Conselho tomou para si de defender a prática do arquiteto e urbanista como um fenômeno da cidade. “A cidade precisa ser enfrentada na sua dimensão social”, afirma. Já Amélia Reynaldo enfatizou a importância do evento como fator multiplicador do pensamento de Cerdà, tanto pelo número de visitantes, quanto pela sensibilização dos quase 50 monitores voluntários que participaram da iniciativa. “Essas pessoas vão atuar como futuros atores de uma mudança que devemos perseguir para o Recife”, declarou.
Na ocasião, a curadora entregou o diploma de participação dos monitores, que foi recebido em nome de todos pela estudante do 2º período do curso de Arquitetura da Unicap, Andresa Santana. “Para mim, essa experiência me fez desejar uma nova cidade e contribuiu para acreditarmos que esse desejo é possível ser realizado”, afirmou a Andresa. Também estiveram presentes ao encerramento, o presidente do Centro Josué de Castro, José Arlindo Soares, a diretora do Museu da Cidade do Recife, Betânia Correa de Araújo, a presidente do Instituto Pelópidas Silveira, Evelyne Labanca. A realização da mostra contou com o apoio e parceria do CAU/PE, Prefeitura da Cidade do Recife, Centro Josué de Castro, IAB, Instituto Cervantes e Gusmão Engenharia.
Diretrizes (Sínteses das palestras)
RECIFE PENSA O RECIFE
Participantes: Jan Bitoun; Guilherme Cavalcanti; Leonardo Cisneiros; Roberto Montezuma e Amélia Reynaldo (Coord.)
– Definir o papel da Agência (Desenvolvimento e Inovação) como instrumento de empoderamento da sociedade junto ao Governo e sua relação com os demais âmbitos de participação;
– Esboçar/propor o contra projeto estratégico ao projeto estratégico das corporações;
– Criar opções e cenários propositivos sobre a cidade e evitar a dissertação sobre as desgraças urbanas;
– Regulamentar os inúmeros institutos contidos no PD (2008);
– O impacto de alguns empreendimentos se desenha no plano urbanístico: a cidade que mitiga como prática não tem futuro;
– A sociedade pode fazer um projeto para o Recife do futuro; a cidade não é tarefa somente de arquiteto
O ENSINO DE URBANISMO NAS IES DA RMR
Participantes: Mércia Carrera; Marcos Assis; Maria de Jesus; Clarissa Duarte e Fernando Diniz (Coord.)
– Adequar a sala de aula às novas dinâmicas e instrumentos do conhecimento;
– Diálogo entre as disciplinas;
– Teoria como norteadora de conceitos e princípios: referências em lugar de pensamento próprio;
– Interpretar a realidade das cidades e do território na sala de aula;
– Estreitar as relações entre a Comissão de Ensino e Formação Profissional do CAU as escolas;
– Institucionalizar/ampliar a ideia de Residência Técnica para recém-formados;
INTERVENÇÕES URBANAS NO RECIFE: O OLHAR DA SOCIEDADE CIVIL
Participantes: Noé do Rego Barros; Cristina Gouveia; Marcio Erlich; Rildo Fernandes; Adriana Garcia e Múcio Jucá
– Não copiar/repetir a lógica dos projetos propostos para o Coque;
– Reunião mensal da prefeitura para apresentação de todos os projetos para a cidade;
– O debate sobre a cidade deve ser sistemático;
– Elaborar a planta de projetos públicos para o Recife;
– Trazer o PD e a LUOS para a cidade que se deseja;
– Não se justifica o que se propõe na atualidade para a cidade como solução do trânsito caótico;
– A cidade não é só transporte público;
– Criar as condições para o posicionamento e/o manifestação da população em relação aos projetos propostos;
– Urbanização em áreas de baixa renda;
– Apresentar quem projeta a cidade; quem são os técnicos dos projetos viários e quais os paradigmas que os norteiam;
– Considerar o saber popular e as lições que a urbanização de baixa renda contém, pois a “favela é a universidade da sociedade”;
– Definir o papel da Agência (Desenvolvimento e Inovação) como instrumento de empoderamento da sociedade junto ao Governo e sua relação com os demais âmbitos de participação;
– Alcançar níveis de cidadania desejáveis;
-Rever/zelar pelo adensamento das áreas de baixa renda;
– Avançar na regularização fundiária, de modo a superar a insegurança da posse do solo;
– Prover/ofertar habitação de interesse social em quantidade e qualidade;
– Acesso as informações sobre os direitos das ZEIS e as possibilidades de participação popular;
– Assegurar áreas para a localização adequada da população de baixa renda que venha ser objeto de remoção;
– Conciliar o desenvolvimento econômico e a inclusão social, melhorando as condições de moradia nas áreas pobres, sem retroceder na conquista de direitos;
– Ofertar o solo para a produção de habitação popular;
– Defesa da função social da propriedade defesa do direito à cidade por todos;
– Apoiar e fortalecer os movimentos sociais para que as mudanças desejadas sejam alcançadas.