Clipping
Clipping: Roberto Montezuma fala sobre urbanismo sustentável
31 de maio de 2017 |
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Revista Algomais – 31 de maio de 2017
3 perguntas para Roberto Montezuma sobre urbanismo sustentável
Roberto Montezuma é presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo em Pernambuco (CAU/PE).
O que é a Nova Agenda Urbana da ONU e qual a sua importância para a transformação das cidades?
A Nova Agenda Urbana uma visão compartilhada sobre o desenvolvimento sustentável das nossas cidades. Trata-se de um documento consolidado pela UN-Habitat e assinado em 2016 por centenas de países e instituições, inclusive o Brasil. Ela é uma diretriz mundial que reverbera aqui na nossa realidade, com objetivos que se adaptam perfeitamente às demandas e desafios brasileiros. O documento aponta desafios concretos, metas e ações a serem perseguidos por gestores públicos, sociedade civil organizada e demais stakeholders da transformação urbana nos próximos 20 anos. No que tange especificamente às cidades, a ONU propõe, por meio de campanha de pensadores urbanos, objetivos ainda mais específicos, como a cidade inovadora, resiliente, sustentável, criativa. A ONU coloca a cidade no centro do debate. Nesse contexto, o que chama atenção para a realidade brasileira é o alinhamento com a ideia de planejamento de longo prazo que o CAU/PE tanto defende. A cidade precisa ser tratada como o complexo e estratégico sistema que é, caso contrário, sofreremos as consequências de soluções pontuais desconectadas, que formam um verdadeiro Frankenstein e não a cidade que precisamos e merecemos. Uma cidade não se planeja em quatro anos, mas em 15, 20, 30 anos. Por isso, se queremos transformar as cidades, temos uma ordem a seguir. Precisamos partir de uma visão macro, que responda à pergunta “qual é a cidade que precisamos?”. Só então partimos para a espacialização desses anseios, traduzidos em planos e projetos que dão a concretude a essa visão. A partir disso podemos pensar em legislação, que deve estar em alinhamento com o planejado. Por fim, chegamos à etapa do financiamento que permitirá que tiremos os planos do papel. Essa perspectiva diagonal do planejamento de longo prazo precisa ser repetida como um mantra em todos os espaços de discussão sobre as cidades.
Como você vê o protagonismo cidadão na busca por uma cidade mais sustentável?
Como lembra a ONU em movimentos como o da Agenda Urbana e o Urban Thinkers Campus: nós somos a mudança. Isso é a mais pura verdade: nós somos a cidade, nós somos o trânsito, nós produzimos o lixo, a energia. Portanto, nós somos ao mesmo tempo o problema e a solução. A partir do momento em que eu sou sustentável, eu estou fazendo uma cidade mais saudável. Não tem outra saída. Por isso, o empoderamento cidadão é tão urgente e é uma das metas do CAU enquanto instituição que endossa a Nova Agenda Urbana. Em Pernambuco, iniciativas do Conselho como o projeto Cadernos de Arquitetura e Urbanismo vão ao encontro dessa demanda por mais conteúdo para formar um olhar crítico que leve a atitudes transformadoras. O empoderamento parte da consciência, da observação teórica que se traduz em construção prática de outra realidade possível bem como no monitoramento. Ao se apropriar do conceito de cidade, o cidadão passa a monitorar a transformação, blindando o planejamento de governo contra de qualquer desvio da visão macro e cobrando o planejamento de estado que vai garantir sustentabilidade ao desenvolvimento.
Como tem sido a atuação do CAU-PE na defesa de um urbanismo sustentável para as cidades pernambucanas e especialmente em relação ao projeto Parque Capibaribe?
Ao nos alinharmos à Nova Agenda Urbana, defendemos a importância de pensar global e agir local. Nesse sentindo, todos os movimentos que estão surgindo dentro da proposta positiva de transformação urbana têm seu lugar estratégico na construção de cidades mais sustentáveis. Além de projetos como os cadernos e da interlocução com o poder público em espaços como o Conselho das Cidades, o Conselho de Desenvolvimento Urbano e a Comissão de Controle Urbano, o CAU/PE tem se articulado a redes locais, nacionais e internacionais de iniciativas que fazem a diferença para as cidades brasileiras. São muitos os movimentos já em curso em torno da temática urbana, mas falta a visão sistêmica, traço marcante na formação de arquitetos e urbanistas e que tem pautado nossa atuação em espaços como a #RedeRecife500anos e a #RedeBrasilUrbano, por exemplo. Juntos e articulados temos mais força tanto para pautar o poder público como para construir junto com a sociedade a visão do todo indispensável à transformação das nossas cidades. As 20 iniciativas que integram a #RedeRecife500anos – o próprio Conselho, as Universidades Federal e Católica de Pernambuco, o Parque Capibaribe, o Movimento Olhe pelo Recife, a Ameciclo, o FabLab, a agência ARIES, entre outros – costuram essa visão macro do Recife que precisamos, do Recife que tem alma, anseios e potencialidades únicos, o Recife com uma forte relação com as águas que precisa ser resgatada por um futuro sustentável.
Cuidar das cidades para onde ninguém mais olha [O Estado de S. Paulo]
6 de maio de 2014 |
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Por Washington Novaes
Na Conferência Nacional de Arquitetura e Urbanismo, promovida há poucos dias em Fortaleza pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU) e várias outras instituições da área, teve apoio unânime o repúdio ao texto da Medida Provisória (MP) n.º 630/2013, em tramitação no Congresso, já aprovado pela Câmara dos Deputados e aguardando votação no Senado. A medida, na prática, cria o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC): transfere às empreiteiras o planejamento e a execução de projetos de engenharia e arquitetura na área pública, em todos os níveis, pois lhes permite projetar, construir e atestar obras. Também inviabiliza, como foi dito ali, a própria atuação dos Tribunais de Contas (como julgar, então, se o preço é justo?). E, na prática, revoga a Lei n.º 8.666/93, que trata da exigência de licitações públicas.
É espantoso, pois “a contratação da obra é feita antes de existir o projeto”, como dizem documentos do CAU. E “sem um projeto completo, elaborado antecipadamente à licitação das obras, a administração não tem parâmetros orçamentários para garantir a qualidade, o preço justo e tampouco controlar o aumento de custos”. Mais: “A falta de transparência prejudica o direito do cidadão de ver seu dinheiro bem empregado; e a qualidade da obra é negligenciada em favor do lucro maior”.
Também é espantoso que, embora a aprovação na Câmara dos Deputados tenha ocorrido no dia 9 de abril, praticamente não estejam ocorrendo – enquanto ainda é tempo, com a tramitação no Senado – discussões em todo o País, diante da constatação de que, na prática, as empreiteiras podem passar a controlar a administração pública. Não é acaso que elas já sejam as maiores doadoras de recursos para campanhas eleitorais e que o Congresso Nacional neste momento pisa em ovos diante de propostas na área.
Continue a ler esta matéria AQUI.
Amélia Reynaldo participa de debate sobre cidades competitivas [JC News]
9 de abril de 2014 |
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O Brasil tem quatro cidades no ranking das 120 mais competitivas do mundo até 2025. O relatório Hot Spots 2025, elaborado pela Economist Intelligence Unit serviu de mote para debate na Rádio JC News, que contou com a participação da conselheira do CAU/PE Amélia Reynaldo. “Mais do que um fim, a competitividade precisa ser uma consequência das intervenções urbanísticas e sociais”, defendeu a urbanista durante o encontro.
Entre outros pontos abordados, Amélia lembrou que uma tendência mundial é a de pensar na cidade voltada para as pessoas. “Antes de pensarmos no transporte público de qualidade, é urgente pensar no pedestre”, pontuou. Para ela, urbanismo sustentável só pode ser feito com a participação popular.
A íntegra da conversa, que também contou com a jornalista Cleide Alves, poder ser conferida AQUI.
Miguel Corominas Ayala – O exemplo de Barcelona [Diário de Pernambuco]
19 de novembro de 2013 |
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De passagem pelo Recife para participar da abertura da exposição “Cerdà e a Barcelona do Futuro”, da qual é curador, o urbanista catalão Miguel Corominas concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário de Pernambuco. Confira a conversa na íntegra na imagem abaixo:
Artigo: Reinventando o Recife como Cidade-Parque, por Roberto Montezuma
12 de julho de 2013 |
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Por Roberto Montezuma
Que cidades precisamos criar para o futuro? O Século 21 torna imperativo o desafio de projetar o território das cidades – mais do que nunca o lugar da vida coletiva – visando consolidá-las como sustentáveis, integradas, inclusivas, acessíveis, democráticas e criativas. O Recife se encontra também diante desta urgência. O incremento de área construída intensificada nos últimos anos resultou na degradação de seus ecossistemas. Devido à falta de planejamento enfrentamos hoje a saturação das estruturas urbanas e a baixa qualidade de vida. Para reinventar o Recife, inovador e criativo, devemos partir de uma visão urbanística que considera três categorias urbano-morfológicas:
1. Áreas Verdes: partes do território urbano onde predomina a presença da vegetação em níveis distintos de estruturação: remanescentes de Mata Atlântica e de manguezais, a vegetação de bosque e/ou extensos gramados dos parques de recreação, a vegetação das praças, as áreas verdes privadas e públicas devolutas, dentre outros.
2. Áreas Azuis: território assentado em partes das bacias hidrográficas dos rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió, que formam um mundo aquático com mais de 80 canais, riachos e lagoas, capilarizados por todo o território, muitos com trajetos hoje ocultos.
3. Áreas Cinzas: espaços constituídos pelos bairros adensados, com grande massa que ainda dá as costas às águas e aos verdes, com exceção apenas da orla de Boa Viagem, do Centro Histórico (com bordas ainda pouco construídas) e de trechos descontínuos da Beira-Rio do Capibaribe.
Estas três categorias devem se fundir numa tese radical. A cidade não pode mais ser pensada, tratada e usada como “cidade genérica”, que desconsidera as singularidades especialíssimas de sua paisagem. Não pode mais ser pensada por partes fragmentadas, sem coesão mínima e sistêmica indispensável para tratar sua complexidade. A tese radical proposta parte da estrutura natural da cidade, garantindo que o potencial inerente a processos naturais seja considerado no planejamento dos espaços urbanos. Pede soluções que integrem diferentes elementos da natureza, ao invés de ir contra ela, e que também correspondam a demandas sociais e econômicas presentes e futuras.
O Recife demonstra, apesar de seu estado atual, que ainda tem potencial para ser, por incrível que possa parecer, uma vibrante Cidade-Parque, um exemplo internacional de reurbanização. Como? Em 2012 o rXa (Recife Exchange Amsterdam), evento internacional multidisciplinar que reuniu brasileiros e holandeses, analisou as potencialidades naturais do Recife que estrutura-se a partir de um “anfiteatro” natural onde a plateia são bordas de colinas, muitas delas cobertas com remanescentes da Mata Atlântica, nascedouros de riachos e canais que alimentam os rios, cujos sedimentos formam o chão-espetáculo da “cidade das águas”. Este “chão” de potencialidades foi batizado de Árvore d’Água, que representa uma visão da possível integração espacial por onde outrora a água se esparramava pelas terras e formava ilhas. A Árvore d´Água propõe uma lógica potente, pronta para reverter a degeneração urbana, integrar os territórios dos atuais bairros em bairros-parques que se reinventam a partir de conceitos urbanísticos, articulando bordas, marcando centralidades e construindo transversalidades através de novas promenades, que reverta a forma de tratar o transporte, o uso de energia e o uso do solo, mitigando mudanças climáticas e desastres naturais.
A cidade que precisamos criar é o Recife Cidade-Parque resultante da fusão dos Verdes, Azuis e Cinzas, palco de todas as cores! Contextualizando Carlos Pena Filho: “é do sonho dos homens que uma cidade se (re)inventa”. Viva o Recife-Parque do Século 21!
* Texto publicado na revista Algomais de junho de 2013.
Prefeitura dá mais um passo para criação do Conselho da Cidade
9 de julho de 2013 |
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Do site da PCR
A Prefeitura do Recife instituiu, nesta segunda-feira (8), a comissão que terá o objetivo de elaborar o de Projeto de Lei municipal que vai criar o Conselho da Cidade do Recife. Ao total, 45 membros irão compor a comissão tendo representação do poder público; de movimentos populares e sociais; de entidades e instituições profissionais; dos sindicatos e de organizações não governamentais. O trabalho será coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento Urbano do Recife.
O Conselho da Cidade será a instância responsável pela discussão e acompanhamento das políticas públicas relacionadas com o espaço urbano com foco na melhoria da qualidade de vida na capital pernambucana. O conselho será composto por comitês nas seguintes áreas: habitação, saneamento ambiental, transporte, mobilidade e acessibilidade, planejamento e gestão territorial.
A comissão, cuja criação é um desdobramento das deliberações da 5ª Conferência Municipal da Cidade, ocorrida entre os dias 24 e 26 de maio, terá o prazo de 90 dias para elaborar o texto. Com a conclusão desta etapa do trabalho, o documento será encaminhado para avaliação do prefeito Geraldo Julio, e, posteriormente, enviado à Câmara de Vereadores para apreciação. A proposta deverá conter a estrutura, funcionamento e atribuições da plenária do Conselho e suas câmaras temáticas, além de considerar as resoluções da Conferência.
CONFERÊNCIA – A Conferência da Cidade teve o objetivo de fomentar a discussão sobre assuntos relacionados à Política e Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano; assim como dos critérios e parâmetros para o planejamento da cidade, com destaque para o Projeto “Recife 500 Anos”. O relatório final com os resultados da conferência está disponível no site Conferência da Cidade.
RECIFE 500 ANOS – O Projeto Recife 500 Anos compreenderá uma série de propostas que já começam a ser desenhadas preparando a cidade para os próximos 24 anos, quando o Município completará cinco séculos de existência. As ações com execuções de médio e longo prazos objetivam, sobretudo, atuações que privilegiarão a inovação e a sustentabilidade. A construção do Recife 500 Anos se dará a partir de debates plurais envolvendo a população e os diversos segmentos da sociedade e a 5ª Conferência da Cidade foi o primeiro passo desta caminhada sendo hoje suas deliberações insumos para o trabalho que já se inicia.
Confira os órgãos e entidades que têm acento no Conselho:
Segmento I: Gestores, Administradores Públicos e Legislativo Municipal
- Secretarias Municipais de Desenvolvimento e Planejamento Urbano; de Mobilidade e Controle Urbano; de Habitação; de Finanças; de Infraestrutura e Serviços Urbanos; de Assuntos Jurídicos; de Saneamento;
- Instituto Engenheiro Pelópidas Silveira;
- Empresa de Urbanização do Recife (URB);
- Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (EMLURB);
- Fórum do Plano de Regularização das Zonas Especiais de Interesse Social (PREZEIS);
- Câmara Municipal do Recife;
- Secretaria das Cidades do Governo de Pernambuco;
- Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco (Condepe/Fidem)
- Grande Recife Consórcio de Transporte;
- Caixa Econômica Federal;
- Secretaria de Patrimônio da União;
- Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
Segmento II: Movimentos Sociais e Populares
- Federação das Associações dos Moradores de Núcleo de Cohab e Similares do Estado de Pernambuco;
- Movimento Sem Teto Imbiribeira;
- Movimento Negro Unificado;
- Federação das Entidades Comunitárias do Ibura/Jordão;
- Grupo Direitos Urbanos;
- Coletivo Luta Comunitária;
- Organização de Luta de Moradia Popular;
- Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa;
- Movimento da Luta Popular e Comunitária de Pernambuco;
- Movimento da Luta nos Bairros;
- Movimento de Luta pelo Teto;
Segmento III: Trabalhadores por suas Entidades Sociais
- Sindicato dos Engenheiros do Estado de Pernambuco;
- Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores em Hotéis, Flats, Pensões, Motéis, Pousadas, Apart-hotéis e similares, Restaurantes, Bares, Boates, Lanchonetes e similares de Recife e Região no Estado de Pernambuco;
- Central Força Sindical de Pernambuco;
- Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife;
Segmento IV: Empresários Relacionados à Produção e ao Financiamento do Desenvolvimento Urbano
- Associação das Empresas do Mercado Imobiliário;
- Associação Brasileira da Indústria de Hotéis;
- Sindicato da Indústria da Construção Civil de Pernambuco (SINDUSCON);
- Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/Recife);
Segmento V: Entidades Profissionais, Acadêmicas e de Pesquisa e Conselhos Profissionais
- Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PE);
- Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco;
- Instituto de Arquitetos do Brasil;
- Mestrado em Desenvolvimento Urbano;
Segmento IV: Organizações Não Governamentais
- Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social;
- Diaconia;
- Grupo de Mulheres Cidadania Feminina;
- Habitat para a Humanidade Brasil.
Artigo: As Manifestações e a Cidade-Frankenstein, por Roberto Montezuma
5 de julho de 2013 |
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Por Roberto Montezuma
Logo depois de formado, em meados da década de 1980, iniciei uma pós-graduação em Habitação e Cidades Democráticas na Architectural Association, em Londres. Já nas primeiras aulas, um fato me surpreendeu profundamente: a leitura de uma dissertação de mestrado sobre a construção da mais bela mulher de todos os tempos. Rigorosamente criteriosa, a dissertação dividia o corpo feminino em inúmeras partes e as seguia costurando, uma a uma, em busca da imagem da mulher perfeita. Os olhos da italiana Sophia Loren, a cor da íris da americana Elizabeth Taylor, os lábios da francesa Brigitte Bardot e assim sucessivamente, até saltar, da última página do bem escrito texto, para susto do leitor, um Frankenstein horrendo.
Lembro dessa experiência agora quando multidões vão às ruas no Brasil exigindo melhor transporte, educação, saúde, segurança, em suma, serviços urbanos de qualidade, além de respeito aos anseios e direitos da cidadania.
Para mim está mais do que claro que, na base dessas justíssimas reivindicações, está a péssima qualidade urbanística das cidades que temos visto serem construídas no Brasil há décadas, na completa ausência de um planejamento urbano capaz de compor um Projeto de Cidade democrática, inclusiva, integradora, construída por partes concatenadas em curto, médio e longo prazo.
Ao contrário da cidade planejada que precisamos, o que aconteceu nas metrópoles brasileiras, no Recife em particular, foi a construção desse monstro que hoje nos assombra. Com cada um procurando fazer “o seu melhor” do “lote para dentro”, terminou-se construindo uma cidade-Frankenstein, do “lote para fora”, que descontenta a todos.
Precisamos urgentemente reaprender, no Brasil, que as cidades são, por excelência, o chão dos confrontos e conflitos, das oportunidades e do exercício permanente da conciliação das forças sociais e econômicas. Para isso, não podem deixar de ser mediadas pela lógica irrecorrível dos sistemas espaciais urbanísticos: infraestruturais, ambientais e ocupacionais, que dão suporte estratégico contínuo ao desenvolvimento do organismo vivo e pulsante que é a cidade. Na ausência deles, o caos que vivemos hoje.
Depois de anos debatendo essas questões em diferentes palestras, seminários, aulas, projetos públicos e privados, no Brasil e no exterior concluímos, racionalmente, que cidade-Frankenstein não deveria interessar a ninguém. A nenhum cidadã, seja ele político, profissional, empreendedor de grande a pequeno porte. A nenhuma geração comprometida com legado às jovens e futuras gerações. Todos podemos ganhar muito e muito mais com um Projeto de Cidade brasileira consistente que nos permita aproximar de cidades mágicas e planejadas como são Paris, Amsterdam, Barcelona e Veneza. Fora disso, só nos resta o monstro que estamos vendo nas ruas…
Roberto Montezuma é arquiteto e urbanista, sócio da AFM Arquitetos e Urbanistas, professor de Projeto de Cidade, da UFPE, e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco – CAU/PE.
* Texto publicado na coluna Rede Gestão do dia 30 de junho de 2013, no Jornal do Commercio.
FPF propõe convênio com CAU/PE e Crea para garantir segurança dos estádios [NE10]
3 de abril de 2013 |
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Depois de ouvir muitas críticas sobre as condições dos estádios dos clubes que estão disputando a Série A1 do Pernambucano Coca-Cola, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, se reuniu com representantes do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE) e com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE) para fechar uma parceria e garantir estádios mais seguros.
A cidade para os cidadãos, da série Cidades Possíveis [Diário de Pernambuco]
15 de março de 2013 |
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Houve um tempo em que as pessoas não se entendiam mais. Confinadas em bolhas – o carro, o escritório, o condomínio, o shopping center -, começaram a perder a noção do contexto urbano. Desprezado, o espaço público já não tinha mais sentido. A rua deixou de ser o lugar da convivência para se tornar o palco da barbárie. As calçadas estavam destruídas e, quando haviam, eram ocupadas por veículos ou por homens e mulheres que improvisavam nelas pontos de negócio sem nenhuma organização ou formalidade.