Gênero, arquitetura e cidade: espaço de conquistas e desafios diários
7 de março de 2017 |
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No Brasil, a presença das mulheres na área de arquitetura e urbanismo tem crescido nas últimas décadas: hoje elas já são maioria, sobretudo entre os profissionais mais jovens. Comemorado em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, portanto, é de celebração pelas conquistas obtidas no mercado profissional, mas também de um olhar crítico sobre a presença das mulheres não apenas nos escritórios, entre planos e projetos, mas também no espaço urbano.
A arquiteta e urbanista Lúcia Siqueira se debruçou sobre o assunto em sua pesquisa de mestrado, intitulada “Por onde andam as mulheres? Percursos e medos que limitam a experiência de mulheres no centro do Recife”. Entre os objetivos do trabalho estava o de investigar as características espaciais e os aspectos sociais que influenciam no medo da mulher no espaço público, chamando atenção para como uma cidade que leva em conta as diferenças de gênero pode ser mais igualitária.
Para a pesquisadora, apesar de pouco explorada na área do planejamento urbano, a questão do gênero traz informações preciosas para a sociedade. “Os resultados indicaram, por exemplo, que o caminho seguro para as mulheres é aquele com muitas pessoas circulando, os chamados vigilantes naturais. O que corrobora o argumento de que a presença natural de pessoas significa maior sensação de segurança”, comenta a pesquisadora, destacando ainda outras limitações no acesso das mulheres ao espaço público, como o transporte.
“Costumo dizer que, se a cidade é segura para crianças e mulheres, ela é segura para todo mundo”, resume a arquiteta e urbanista Circe Monteiro, orientadora da pesquisa. Ela lembra que uma cidade segura é democrática, marcada pela co-presença de diferentes gêneros e idades. “Quando os espaços perdem esse equilíbrio de usuários tornam-se vulneráveis”, alerta, chamando atenção ainda para a universalidade da questão. “Até mesmo na Suécia há pesquisa sobre esse sentimento de vulnerabilidade das mulheres no espaço público”, alerta.